Monday, January 11, 2010
Sunday, November 15, 2009
Saturday, November 14, 2009
Friday, November 13, 2009
Thursday, November 12, 2009
Dizem que a paixão o conheceu
dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice
conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo
dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos
Al berto
dizem que a paixão o conheceu
mas hoje vive escondido nuns óculos escuros
senta-se no estremecer da noite enumera
o que lhe sobejou do adolescente rosto
turvo pela ligeira náusea da velhice
conhece a solidão de quem permanece acordado
quase sempre estendido ao lado do sono
pressente o suave esvoaçar da idade
ergue-se para o espelho
que lhe devolve um sorriso tamanho do medo
dizem que vive na transparência do sonho
à beira-mar envelheceu vagarosamente
sem que nenhuma ternura nenhuma alegria
nunhum ofício cantante
o tenha convencido a permanecer entre os vivos
Al berto
Thursday, October 29, 2009
Monday, October 26, 2009
Sunday, October 18, 2009
Wednesday, October 7, 2009
Auto-retrato
Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia
Monday, October 5, 2009
Sunday, October 4, 2009
Wednesday, September 30, 2009
VI
A que vens,solidão,com teu relógio
de ponteiros de visgo,de bater de feltro?
Ombro nenhum ao meu ombro encostado,
a que vens,ó camarada solidão?
Companheira,amiga,até amante,
até ausente,ó solidão,te amei,
como se ama o frio até o frio dar
a chama que tu dás,ó solidão!
A que vens,enfermeira? Não sabes que estou morto,
que se digo o meu sim ou o meu não
é só para que os outros me julguem mais um outro,
é só para que um morto não tire o sono aos outros?
A que vens ,solidão?Vai antes possuir
os que amam sem esperança e sem saber esperam,
dá-lhes o teu conforto,encosta-lhes ao ombro
o teu ombro nenhum,ó solidão!
Alexandre 0'Neill
A que vens,solidão,com teu relógio
de ponteiros de visgo,de bater de feltro?
Ombro nenhum ao meu ombro encostado,
a que vens,ó camarada solidão?
Companheira,amiga,até amante,
até ausente,ó solidão,te amei,
como se ama o frio até o frio dar
a chama que tu dás,ó solidão!
A que vens,enfermeira? Não sabes que estou morto,
que se digo o meu sim ou o meu não
é só para que os outros me julguem mais um outro,
é só para que um morto não tire o sono aos outros?
A que vens ,solidão?Vai antes possuir
os que amam sem esperança e sem saber esperam,
dá-lhes o teu conforto,encosta-lhes ao ombro
o teu ombro nenhum,ó solidão!
Alexandre 0'Neill
Monday, September 28, 2009
Empurro a porta
Empurro a porta, experimento a chave, encosto o tapete
à parede, entro pelas traseiras. Na casa há um momento
em que não há tempo, eu fico de pé sem me mexer e a luz
diminui, de gabardina, de pé, na casa quase vazia, de mala
na mão, sou um homem filmado de todos os ângulos.
O gato, o cão, o inominável insecto, todos saúdam a minha cara
baixa, com dois olhos distraídos e um nariz afunilado.
Só a expressão dessa cara não engana que o rol das frustrações
já nem aumenta, é. E como é de tarde, ponho-me a pensar
que de tarde é que é bom e há já uns bons anos que nunca mais.
Uma culpa sente-se nas paredes molhadas enquanto demoro
ainda mais tempo atirar a gabardina, poisar a mala. Contudo,
como se tivesse olhos na nuca, vejo a toda a volta o silêncio.
Eis o meu pequeno mundo vazio, mundo tão mentiroso como eu,
aqui não há dúvida de que cada palavra rola, metálica,
até encontrar a linha resistente, cadeira onde se instale.
Algum tempo demorarão os ossos a cair, se a morte tivesse
surpresa e o meu corpo deslizasse em olhos de sangue
e impaciência pela parede ainda nova e fresca de tintas brancas.
Ao dar finalmente um pequeno passo, sinto-me segmento
de fragmento, distância semeada por justos contemporâneos.
HELDER MOURA PEREIRA
Thursday, September 24, 2009
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