Wednesday, September 30, 2009

VI

A que vens,solidão,com teu relógio
de ponteiros de visgo,de bater de feltro?
Ombro nenhum ao meu ombro encostado,
a que vens,ó camarada solidão?

Companheira,amiga,até amante,
até ausente,ó solidão,te amei,
como se ama o frio até o frio dar
a chama que tu dás,ó solidão!

A que vens,enfermeira? Não sabes que estou morto,
que se digo o meu sim ou o meu não
é só para que os outros me julguem mais um outro,
é só para que um morto não tire o sono aos outros?

A que vens ,solidão?Vai antes possuir
os que amam sem esperança e sem saber esperam,
dá-lhes o teu conforto,encosta-lhes ao ombro
o teu ombro nenhum,ó solidão!


Alexandre 0'Neill

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